O advento da cunhagem de moedas mudou completamente a forma como a humanidade interage entre si. (Imagem de pixabay.com, por KelvinStuttard)
Já aconteceu de você estar caminhando na rua quando um objeto brilhante reluziu à luz do sol e, após sua curiosa investigação, você descobriu que era uma moeda perdida? Se você tiver tido mais sorte ainda, é capaz de já ter achado uma moeda bem antiga, que talvez nem seja mais fabricada no país. Quando será que essas moedas foram fabricadas? Melhor ainda, quando – e por que motivo – os seres humanos começaram a usar o dinheiro?
A história dos seres humanos que usam dinheiro monetário remonta há muito, muito tempo: algo entre 40.000 anos. Cientistas do Departamento de Antropologia da Universidade Harvard estudaram as trocas e comércio começando no Paleolítico Superior, quando grupos de caçadores comercializavam as melhores armas e ferramentas. Primeiro, as pessoas trocavam, fazendo acordos diretos entre as duas partes dos objetos desejáveis.
Por que motivo as pessoas precisam de uma moeda?
Existem muitas teorias sobre a origem do dinheiro, em parte porque o dinheiro tem muitas funções: facilita a troca como uma medida de valor; reúne diversas sociedades, permitindo a doação de presentes e a reciprocidade; perpetua hierarquias sociais; e, finalmente, é um meio de poder estatal. É difícil datar com precisão as interações envolvendo vários tipos de moedas, mas as evidências sugerem que elas surgiram de trocas de presentes e pagamentos de dívidas há muito tempo na história.
A descoberta de hordas de moedas de chumbo, cobre, prata e ouro em todo o mundo sugere que a cunhagem de moedas – especialmente na Europa, Ásia e norte da África – foi reconhecida como um meio de troca de mercadorias no início do primeiro milênio depois de cristo. O comércio de moedas romanas, islâmicas, indianas e chinesas condiz com o surgimento do comércio pré-moderno (1250 a.C. – 1450 d.C.).
A cunhagem das moedas deve seu sucesso em grande parte à sua portabilidade, durabilidade, transportabilidade e valor inerente. Desde os primórdios, os usos da moeda se traduziam em versatilidade. Seja como forma de consumo em bares nas épocas medievais, até o uso de fichas e moedas para utilização de cabines telefônicas, jogos de fliperama e aparelhos de caça-níquel nos tempos modernos. A invenção de um objeto tão portátil e versátil revolucionou a forma como os negócios eram realizados.
Uso moderno das moedas em cabines telefônicas, ícone clássico de Londres. (Imagem de pixabay.com, por Freephotocc)
Além disso, os líderes políticos poderiam controlar a produção de moedas – seja pelo processo de mineração, fundição, cunhagem – , bem como sua circulação e uso. Outras formas de riqueza e dinheiro, como vacas e ovelhas, serviram com sucesso às sociedades pastorais, mas não eram fáceis de transportar – e, é claro, eram suscetíveis a desastres ecológicos.
Uma linguagem comum entre diversos povos
No passado, assim como nos dias atuais, nenhuma sociedade era completamente autossustentável e o dinheiro permitia que as pessoas interagissem com outros grupos. As pessoas usavam diferentes formas de moeda para mobilizar recursos, reduzir riscos e criar alianças e amizades em resposta a condições sociais e políticas específicas.
Moeda de metal comum datada por volta dos anos 1300, mostra a cabeça diademada e com chifres de Zeus-Amon, à direita. (Imagem de ancientcoingallery.net)
A abundância e a evidência quase universais do movimento de mercadorias por diversas regiões habitadas por pessoas independentes – de caçadores-coletores a pastores, agricultores e moradores da cidade – apontam para a importância da moeda como um princípio de união. É como um idioma comum que todos podem falar.
Em um artigo publicado pela Universidade Cambridge mostrou, por exemplo, que os americanos que viveram no período formativo inicial de 1450 a 500 a.C. usou obsidiana, concha em madrepérola, minério de ferro e dois tipos de cerâmica como moeda para negociar nas Américas, em um dos primeiros exemplos de um comércio global bem-sucedido.
Repercussões atuais do uso da moeda
Atualmente, a posse de dinheiro monetário diferencia os ricos dos pobres, os desenvolvidos dos em desenvolvimento, o norte do globo do sul emergente. O dinheiro é pessoal e impessoal, e a desigualdade global hoje está ligada à formalização do dinheiro como uma medida de bem-estar e sustentabilidade da sociedade. Mesmo que a moeda continue evoluindo em nossa era digital, seus usos hoje ainda seriam familiares aos nossos antecessores.